segunda-feira, abril 25, 2005

roda mundo, roda gigante, roda moinho, roda pião

bom-dia, comunidade!
@
então, deixa eu contar? o entrevistado de hoje (segunda-feira, 25 de abril, 22h30) do "roda viva", na tv cultura, é o mv bill, rapper de cidade de deus, ídolo hip hop da funkeira deize tigrona, co-autor de "cabeça de porco". eu vou estar lá, na mesa de entrevistadores, vê se aparece.
@
falando em "roda viva", acho que gostei de "cabra-cega", do toni venturi, apesar daquele problema de os filmes sobre a ditadura brasileira passarem quase sempre a impressão de giro em círculos, em torno de um rabo claustrofóbico, provocador de medo, tristeza e opressão. a nova safra tem a vantagem de não livrar tanto assim a cara dos "heróis" guerrilheiros, expondo suas fraquezas junto com suas nobrezas. e tem um elenco supimpa, teatral, puxado com gana e garra pela débora duboc, de molhar os olhos da gente a cada vez que aparece. e tem a trilha de fernanda porto, feita de antigüidades (tipo "roda viva", de chico buarque) pós-modernizadas para os 2000 - ou seja, a trilha é chata, mas é legal.
@
pois fernanda porto, à parte os excessos drum'n'bass, ousa parear clássicos buarquianos com "teletema", tema de telenovela, belezura bobinha de antonio adolfo & tibério gaspar lançada pela doce e meiga evinha, ex-trio ternura (reencarnada com sisudez por ná ozzetti)! o guerrilheiro é o noveleiro? o filme ainda traz de volta "eu quero é botar meu bloco na rua", cantada na cena mais linda pelo maldito sérgio sampaio, que fez em pleno 1972 esse hino político disfarçado de carnaval e depois morreu cedo demais (mas o tempo rodou num instante, nas voltas do nosso coração, e a morte maldita nunca é eterna: o klb regravou "eu quero é botar meu bloco na rua" em 2004 - cê tá entendendo?).
@
ainda falando em "roda viva", quem leu décio pignatari escrevendo sobre "dogville", de lars von triers, ontem, no "mais!" da "folha"? supimpa, novos ângulos lançados sobre o filme, kierkegaard na jogada, relações lançadas pelo décio, o mesmo cara que colocou uma bola de gude num cu para simular o olho que ilustra a capa do genial disco "todos os olhos" (continental, 1973), do helicóptero tropicalista tom zé. adoro, arregalo os olhos de ver e rever que "dogville" é uma usina inesgotável (e ainda pouquíssimo explorada) de referências e reflexões, impressionante.
@
e o que haveria de (in)comum entre a loura nicole "grace" kidman de "dogville" e o negro bravo polêmico mv bill de cidade de deus? como volta a sondar o concretista pignatari, dogville é godville (o cão é deus, deus é o cão?)? e godville é a vila de deus, a favela de deus, refavela de deus, é cidade de deus?