terça-feira, novembro 20, 2007

o inferno são jimi hendrix?

como assim? super-heróis muuuuuuuito bonzinhos do mundo pop acumulando contas e empresas-fantasmas em paraísos fiscais nas bahamas? ué, mas, no rol dos papéis dedicados a cada um de nós, a caricatura do vilão fazedor de caixa 2 não pertence somente aos políticos (do "terceiro mundo")?

segue um trecho extraído do livro "jimi hendrix - a dramática história de uma lenda do rock" (jorge zahar editor), escrito por uma "amigona" do jimi, a (jornalista e assessora de astros do rock) sharon lawrence.

"(...) Mike [michael jeffery, um dos empresários-feitores de jimi] acompanhou Hendrix até o escritório da Mayfair, do procurador John Hillman, o idealizador da empresa de Jeffery no paraíso fiscal das Bahamas, a Yameta Company Limited. 'Jeffery já tinha me falado que estava montando um escritório de Nova York', recordou Jimi. 'Ele também falou de um Rolls Royce. Fiquei muito impressionado. Ele e Chas [chandler, ex-integrante da banda the animals e co-empresário de hendrix] me faziam crer que aquele escritório seria meu, e também do grupo. Depois de nos apresentarmos em Paris, Mike ficou muito excitado com as boas notícias que ouviu. Disse que estava inspirado, com várias idéias sobre o que se poderia fazer por mim em Los Angeles, inclusive filmes. Mas, para começar, ele concentrava forças num grande contrato de gravação com os norte-americanos.

Naquela tarde, Hillman e Jeffery apresentaram a Jimi um outro contrato legal, agora relacionado apenas a ele como artista, em todas as modalidades. Segundo o documento, Jeffery receberia colossais 40% dos ganhos totais de Jimi em suas apresentações, soma extraordinária para qualquer padrão do show business. Jeffery explicou que parte daquela percentagem seria para pagar possíveis despesas com viagens. Hillman disse a Hendrix que aquelas 'deduções de taxas poderiam ser muito boas para a Yameta' e mencionou o nome de sir Guy Henderson. 'Mike me faloy que sir Guy ajudara a começar a Yameta. ... Também falaram como, se eu me saísse bem nos Estados Unidos, as diversas contas das Bahamas evitariam que eu pagasse impostos excessivos e me sustentariam pelo resto da vida. [sabe aquele treco que o djavan anda rimando, de que quem cobra imposto "é o impostor"? pois é, alô, dona fiesp, alô, dona cpmf, alô, seu jatene...]."

pois então, a biógrafa (e amiga) é cuidadosamente zelosa quanto a tratar jimi hendrix como "vítima" de tudo e de todos 100% do tempo, e a isentá-lo de toda e qualquer responsabilidade sobre todo e qualquer detalhe de sua própria vida (e morte), mas...

será?, será que qualquer pessoa (ou hendrix, ou eu, ou você) poderia mesmo se isentar e se ausentar dos contratos reais ou simbólicos que ela própria firma ou deixa empresários predadores muuuuuuuuuuito malvados firmarem em seu nome? será que o inferno são mesmo os outros, será?