segunda-feira, fevereiro 09, 2009

chica chica boom chic

hoje é o dia em que carmen miranda completaria 100 anos, o que faz com que nestes dias a "ditadora risonha do samba" seja o assunto de todas as bocas.

[quer dizer, o mito joão gilberto, talvez levemente enciumado do mito carmen miranda, pulou à frente dela logo agora, e nestes dias muito se fala também sobre suas gravações caseiras de 1958 que caíram na rede. o que era ouro em pó na mão d'algum felizardo cheio de "propriedade intelectual" virou de repente poeira de areia, baratinha e abundante feito água da bica. a propósito, fenomenal que isso aconteça, e fenomenal a ira de não sei quais figuras - ele próprio, será? - contra o fato de esse "vazamento" virtual ter acontecido, bravo!, viva a celeuma! mas, cá entre nós, confesso certa preguiça pessoal desse assunto - decididamente não consigo ficar desesperado por ouvir cada novo - ou velho - suspiro do joão, como igualmente não poderia me dizer "emocionado" por lembrar que há exatamente cem anos nasceu a "ditadora risonha" da bossa, quero dizer, do samba.]

mas.

conversa vai, conversa vem, carmen fica sobrevoando os imaginários e de vez em quando sou chamado à luta - um texto meu sobre ela ser "o brasil em forma de mulher" saiu na mais nova edição da revista "mag!", do são paulo fashion week, logo menos eu colocarei esse bombom aqui; e, vergooooonha!, o espírito de dona carmen mandou chamar e estarei presente esta noite de segunda-feira, 9 de fevereiro, nas homenagens do programa televisivo de ronnie von a ela, cruzes.

mas.

eu não consigo chegar aonde quero, que é falar algo sobre a efeméride de hoje. na real, não estou com muita vontade de afirmar nada sobre carmen miranda, mas antes gostaria, isto sim, de fazer uma pergunta.

é o seguinte. a partir de 1940, quando se radicou nos estados desunidos da américa do norte, carmen passou a lançar discos pela gravadora decca (se estiver certo o "dicionário cravo albin de música", lançou pela decca 16 discos de 78 rpm, com duas músicas cada, entre 1940 e 1950; e morreu em 1955, o que significa que passou os cinco últimos anos de vida sem gravar nenhum disco - passou?).

e a minha pergunta, chego a ela até que enfim: eu nunca soube da existência de nenhum lp ou cd (ou mp3) que reunisse os "decca years" de carmen, alguém conhece?

ou, desdobrando uma pergunta em várias.

além daquelas cenas de tv em que carmen aparece toda hollywoodiana cantando "south american way", "bambo de bambu", "chica chica boom chic", "touradas em madri" e outras muitas, alguém sabe de algum baú discóide ou imaterial que contivesse aquelas 32 gravações?, alguém poderia esclarecer se isso existe?

alguma gravadora brasileira teria se manifestado, ou se manifestaria, sobre os anos estadunidenses da música da "falsa" baiana que nasceu em portugal, cresceu carioca e foi sepultada brasileira?

colocar em catálogo aquela obra tão falada e tão pouco ouvida não seria mais homenagem à nossa amada joana gilberta?

afinal, disseram que ela voltou americanizada, mas não ouviram?, nem quiseram saber?

e quanto ao carmo mirando, disseram que ele voltou south-american-bossa-novizado - voltou?