quinta-feira, maio 07, 2009

peguei um ita no norte

assim como deputados, jornalistas costumam viajar muito a trabalho.

se você não é do ramo, deve imaginar que os veículos de comunicação onde eles trabalham pagam suas passagens, certo?

errado, não é bem assim.

como contei ontem num debate sobre crítica musical no congresso de jornalismo cultural promovido pela revista "cult" no tuca (o mesmo lugar onde sérgio ricardo quebrou o violão, como lembrou o arthur dapieve), eu viajei para tudo que é canto a trabalho durante os dez anos em que trabalhei na "folha".

na grande maioria das vezes, não foi o jornal que pagou minhas passagens. sabe quem foi? a parte interessada na reportagem que eu ia fazer. geralmente, a gravadora que estava lançando o cd do artista que eu ia entrevistar.

será que isso é tão diferente assim dessa incrível "descoberta" que fizeram agora, sobre como o suplicy, o gabeira, o ciro, o heráclito (tem algum tucano de cepa na mamata?) etc. mercantilizam, digamos assim, suas cotas de viagens?

quem costuma pagar, por exemplo, as viagens dos jornalistas que fazem reportagens turísticas? ou as refeições dos críticos gastronômicos? os cds que alimentam o jornalismo musical fast-food?

jornalistas de renome nunca viajaram-viajam-viajarão "a convite" (esse é o jargão habitual) dos nobres deputados, senadores, prefeitos, governadores etc.?

com que recursos será que a globo arremessa seus profissionais aos quatro cantos deste mundo redondo, da amazônia aqui perto até a índia lá do outro lado da bola?

também não sei, mas, viu?, haja paciência para aturar jornal e jornalista cuspindo lição de moral sobre a "imoralidade" que enxergam só e sempre nos outros e nunca neles mesmos.