terça-feira, outubro 27, 2009

todo dia o sol se deita...

Ainda não recobrei o fôlego das tantas coisas bonitas, coloridas, reveladoras e transformadoras vistas nos 13 dias passados na Amazônia paraense.

E fico aqui me debatendo de vontade bloqueada de falar sobre o assunto - bloqueada porque não acredito que palavras deem conta de traduzir o sentimento de pequenice (minha) e grandeza (do mundo), e vice-versa, que me acompanhou a cada piscada d'olhos no Pará. (Será por isso que a palavra "grande" e suas aparentadas voejaram tanto no show e no texto sobre o show do Erasmo, logo após a volta do Grão-Pará?). Pausa.

[Imagino que alguém do Norte brasileiro que porventura esteja lendo isto aqui vá me dizer que eu, sulista paranapaulistano, faço uma imagem idealizada do Grão-Pará. E sei que devo fazer mesmo, e que talvez eu não achasse Belém tão maravilhosa se vivesse em Belém. Mas olha, isso não importa, e eu até aposto que quem porventura esteja lendo este texto a partir de estados que não sejam São Paulo não me entenda muito bem se eu contar do inferno de morar aqui nesta cidade fascinante. Não sei se me entendem, por exemplo, se eu disser (e vou dizer) que esta aqui é uma cidade dura, lotada de gente sempre ocupada em ocultar sentimentos que não pertençam às famílias da raiva e do rancor e, pior, anacronicamente sequestrada por uns bolsões de uma classe dominante (econômica e intelectual, quero dizer) tosca, grotesca, ensimesmada, ignorante de doer. Mas então, voltando, creio que meu olhar idealizado por sobre o Grão-Pará seja confiável, sim, tanto quanto é desconfiável. E pára a pausa.]

O caso é dizer, depois das tantas palavras acima, que não tenho palavras pra refletir ou refratar o que senti pela Amazônia paraense. É por isso que, pra tentar contornar o buraco no estômago, fiquei com vontade de copiar aqui algumas das provas recolhidas pelo caminho, provas da tal grandeza apaixonante que me derrubou para sempre (forévis) o queixo.

No Pará, ganhei um dos maiores presentes que a terra e os meus olhos me deram na vida indeira: uma coleção estupenda, alucinante, mais formigante que folha de jambu, de pores-do-sol!

Vai daí que também os pores-do-sol são indescritíveis, insubstituíveis e irreproduzíveis (em São Paulo, eu vejo um deles, digamos, a cada 47 dias ou coisa parecida). Mas pelo menos eles são (quase) fotografáveis.

Bom-dia, senhor pôr-do-sol!

9 de outubro, baía do Guajará, Belém



10 de outubro, centro de Belém



11 de outubro, festa de aparelhagem (ops!, não é o pôr-do-sol!, confundem-se "as mariposa"...), Belém



12 de outubro, baía do Guajará, rumo à ilha do Marajó



13 de outubro, Soure, ilha do Marajó





14 de outubro, fazenda de búfalos, Soure, ilha do Marajó



15 de outubro, ilha do Marajó, no caminho de volta para Belém



16 de outubro (...e aqui começo a descobrir que estou apaixonado pelo pôr-do-sol...), praia fluvial de Alter do Chão, Santarém











17 de outubro, rio Tapajós/Floresta Nacional de Tapajós e, de volta, Alter do Chão, Santarém





18 de outubro, Alter do Chão, Santarém



19 de outubro, idem





20 de outubro, avião, de volta para São Paulo



(Por coincidência, o sol está se pondo outra vez bem agora, aqui em São Paulo. Mas, da minha janela e por detrás das nuvens, eu não estou vendo.)