sexta-feira, fevereiro 19, 2010

sinal fechado, fio maravilha 2: quem é do mar não enjoa

P.S. de 22 de fevereiro de 2010: o Lauro levantou a lebre, eu fiquei aqui batendo cabeça sobre como emendar e o óbvio logo ficou ululante. Não tem remendo, o jeito é dizer que, abaixo, onde você lê "Paulinho da Viola", o que deveria estar escrito era "Martinho da Vila". Não foi o PdaV, mas sim o MdaV, que disse o que disse sobre o governo Lula. (Já a frase "não quero ser aceito, eu sou o que sou, negro", está certa, foi dita mesmo pelo Paulinho da Viola.)

A escorregada no sabão está dada, não há perdão, e onde os jornais diriam "erramos" eu digo "ERREI!!!". E o erro não diminui com o "ERREI", mas pelo menos o "ERREI" fica na cabeça do texto, e não no pé da página, como os "erramos" tradicionais. E eu já começo a lembrar o canto de Ataulfo Alves: "Venho ao tribunal da minha consciência/ como réu confesso, peço clemência/ o meu erro é bem humano, é um crime que não evitamos/ esse princípio alguém jamais destrói/ errei, erramos".

(fim do P.S.)



E olha só, não é que um e outro artista da música brasileira andam saindo da toca e demonstrando em público pitadas daquilo que pensam politicamente?

No jornal "Brasil Econômico" de 6 de fevereiro de 2010, a Phydia de Athayde conduziu um encontro histórico entre Paulinho da Viola e Martinho da Vila - não me lembro de ter lido isso antes em qualquer lugar que seja. E Paulinho, não só formulou uma formidável frase: "Não quero ser aceito, eu sou o que eu sou, negro". Como também respondeu o seguinte à Phydia, quando ela perguntou se o Brasil melhorou com Lula:

"O Brasil deu um salto histórico que nunca havia dado. O Lula é tão forte que ninguém consegue bater. Pegam uma história aqui, outra alli, mas a verdade e que a pobreza diminuiu, o Brasil avançou e, internacionalmente, hoje é outra coisa. Antes, não havia ministro negro no Brasil. Com o Lula, já tivemos o Gilberto Gil, o Orlando Silva, mulheres ministras. Fizemos uma revolução, como também os Estados Unidos ao colocar um negro na Presidência, só que a nossa foi tão grande ou maior: colocamos um operário nordestino na Presidência. Acho, inclusive, que ele foi grande ao não aceitar o terceiro mandato. Adorei - até porque, se ele quisesse, teria -, mas, se eu fosse ele, não interfifiria na eleição. Deixaria a campanha correr".

E ontem em seu blog o Renato Rovai, editor da revista "Fórum", contou a seguinte historinha:

"Na sexta à noite, Jorge Ben Jor vai fazer um show para os petistas que participam do Congresso do partido, que acontece desde hoje pela manhã no auditório Ulisses Guimarães, em Brasília. A negociação que o levou a aceitar o convite foi bastante inusitada. Alguns músicos recusaram a 'distinção' porque não queriam ter seus nomes associados a um partido político. Com Ben Jor foi diferente. Ele aceitou, mas impôs uma condição: ter 15 minutos de prosa a sós com o presidente Lula".

E aquele chavão velho como Matusalém e repetido à náusea, de que engajamento na arte é igual a arte panfletária, chata, sorumbática? Não me engana que eu não gosto.