sexta-feira, janeiro 14, 2011

chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor

Vamos lá, que a turma do Twitter inspirou o @pdralex a pensar sobre A Grande Família. Assim falou Carlinhos Brown, neste trecho da entrevista exteeeeeeensa publicada pelo iG (aqui, aqui e aqui):

PAS - Quem era italiano na sua família? Branco?

CB - Meu avô , Bertolino Gonçalves, pai da minha mãe, Madalena. Branco de origem italiana-libanesa. Aos 2 anos de idade o pai faleceu, e um dos tios doou pra ele fazendas de laranjas em Cruz das Almas, ali no Recôncavo, perto de Caetano, Santo Amaro etc. etc. Ele sempre falava: “Sumiram com o baú”. Perdeu o interesse total por riqueza. Foi acudido por um grande empreendedor da Bahia, um homem com visões sociais junto aos Ahmed, aos Amado. Foi o que criou o Mercado do Ouro, o lugar onde hoje estou tentando organizar o Museu do Ritmo.

PAS - Esse Amado é o mesmo de Jorge Amado?

CB - Não, é a família dos Ahmed, que viraram Amado, árabes. Meu avô passou a cuidar da Barra, onde eu faço carnaval. Não quis mais ficar lá, conheceu essa mulher de Irará, terra de Tom Zé, que é minha avó Damiana Costa Santos. O pessoal falava que era Costa Santos Valente, porque tem parentesco com Assis Valente (autor de marchinhas carnavalescas lançadas por Carmen Miranda). Era negra, mas meu avô dizia: “Não é negra, não, é Cabo Verde. Não pelo lugar, mas porque Cabo Verde está muito associado a quem tem cabelo liso. Ela tinha cara de nigeriana, ou angolana, do narizão, do olho puxado. Mas não tinha o cabelo duro, era mais ondulado, fino. Eles se conheceram e foram morar no bairro do Candeal. Tiveram duas filhas, Madalena e Alice, que é minha tia, deficiente visual.

PAS - Madalena é Magalenha?

CB - Ah, mas pode ter certeza que tá próximo. Magalenha é a maga que sabe botar fogo na lenha. É ela, minha mãe. Madalena, aos 14 anos, conheceu Renato Teixeira de Freitas, meu pai. E isso me botou numa história de bastardia que até hoje busco compreensão. Renato Teixeira de Freitas já vinha desse histórico bastardo dos Teixeira de Freitas na Bahia. Uma das primeiras coisas que me lembro é que nego dizia a minha mãe: “Mas você, de família tão rica, batendo nessa barrela”. Minha mãe era lavadeira, eu sempre ouvia esse papo e não entendia. Fiquei afoito quando descobri que meu bisavô paterno era um dos maiores juristas do país. Ia aos Barris levar roupa e dizia, insistentemente: “Quero falar com seu João, ele é meu bisavô”. “Vá, menino, sai daqui”. Aí eu começava a conversar com a estátua dele, que ficava do lado de fora, depois jogaram lá pra dentro. E tinha o lado português de minha avó Gertrudes, que foi casada com Renato Teixeira de Freitas.

PAS - Seu pai é branco?

CB - De origem portuguesa, mas não é tão branco assim. Vamos dizer cigano, libanês. Salvador é a cidade mais muçulmana do Brasil. O terreiro mistura muito com a linguagem muçulmana.

PAS - O que não entrou na sua descrição foi o lado indígena, não tem também?

CB - Tem os índios, tem. Tem minha avó Damiana. Essa coisa da preta com cabelo liso eu achava que era um pouco a coisa do índio. Hoje o alto magistrado quer condecorar alguém da família e me convidou. Quando falo desse assunto, meu pai foge, não quer saber, “não, essa história não, isso é passado”. Teve uma ruptura. Eu, se fizesse um livro, gostaria de chamar Bastardia, porque é totalmente, uma história de escravidão, do bastardo. Sempre me tive como serviçal, mas serviçal de uma dinastia, não de pessoas à-toa. Nunca me vi como uma pessoa à-toa, de história dolorosa. Não me vejo chorando no Faustão ou no Gugu, “passou fome?”, “passei”, “e agora?”, “tenho um jatinho” (ri).

PAS - Na sua família então há passado de riqueza dos dois lados.

CB - Exatamente. Não existe mal-nascer, nem bem-nascer. Existem situações sociais que, se forem reparadas na essência, a gente vai sempre construir uma sociedade melhor. Eu não sou diferente do Marcola ou do Beira-Mar. A diferença é que eu estou do lado de fora. Eles podem ser o que for, mas são reconhecidos como líderes, ilegais, mas são. O que eu não me conformo é que eu não sei quem de nós três está certo. Se tenho tentado por um lado que é visto como a legalidade entre aspas, onde estão as chances? Essas chances foram estacionadas ou sequestradas pra que situação? A sociedade brasileira quer, mas ao mesmo tempo tem medo de perder o cabide. Tem um pensamento assim: se nós tivermos uma sociedade de baixo poder aquisitivo escolarizada, educada, quem vai cozinhar pra mim?, quem vai ser a babá? Lá fora você não acha babá, babá lá é baby-sitter e custa 5 mil dólares. Aqui muitas vezes nego dá a comida pra pessoa viver. Sabe o que a gente quer? Uma franchising importante de acarajé pra concorrer com McDonald’s. Como os italianos conseguiram espalhar a pizza no mundo inteiro e a gente tem a camada comida baiana que o mundo inteiro gosta e a gente não consegue estender? É uma riqueza que a gente tem. Dia 2 de fevereiro, todos os filhos de Iemanjá vão agradecer no mar. O cara pega a câmera, a televisão, “é dia de Iemanjá”, “os pobres”, “os negros”… Filósofo e historiador vai, suga, vira um livro de fotografia. E a gente não vê nada, continua ali. O que nós estamos pedindo é que nos deem a possibilidade de reescrever a nossa história por nós mesmos. Isso não vai instalar nenhum separatismo, ao contrário, vai enriquecer o caldo cultural do Brasil, do mesmo jeito que nós, negros, afrodescendentes, somos exímios consumidores de pizza. Não me queixo em sair daqui, mas não saí porque quis. Saio porque não estava achando trabalho, e continuo não achando. Tenho consciência de que tenho carisma, mas é também um tipo de personagem que, às vezes penso, por que é tão incomodativo, o que incomoda tanto? É o fato de ser rápido na percussão?

PAS - Não é racismo?

CB - Então talvez esse seja o desafio. E a gente vai vencer isso dentro da revolução pela doçura. Quando boto aquele cocar o pessoal diz: “Cocar de índio”. É uma das piores críticas possíveis. Aquele cocar não é de índio, aquele cocar é meu. Fui chamado para usar por um candomblé de caboclo, pelos índios. Fizeram um primeiro, e disseram: “Esse é seu, mas você vai descobrir o seu cocar”. E eu descobri, e fiz um cocar que não tem no histórico do índio brasileiro. Afasta-se o negro, o índio, o japonês, e eles terminam buscando uma identidade que encontram na internet, no discurso de um país que ainda não se curou de uma guerra ou de um problema étnico interno. O cara começa ouvir tal banda, vai pregando aquilo no ouvido da pessoa. Há que compreender o poder da música, você pode não entender a língua, mas os sentimentos todos estarão lá. Por que todo mundo tem medo de ver um careca tatuado e vestido de preto? Skinhead, em inglês, cabelo cortado, não é isso? Mas eles começaram a ganhar fama de violentos porque foram pessoas também muito machucadas na vida. Talvez o que nós precisamos ver é que as mágoas são águas más, ou más águas.

PAS - Isso é um verso de música?

CB - Não, tô falando assim agora. Não sei, eu falei aí…

PAS - Isso é letra de música.

CB - E água só precisa ser limpa, e tem um processo natural de purificação.

PAS - Menos a do rio Tietê…

CB - Menos a do rio Tietê (ri). Mas é possível, está muito mais no cuidado. São Paulo deu um exemplo de sociedade civil organizada, parecia Antônio Conselheiro, Zapata ou Padre Cícero. Foi aquele prédio que era da Camargo Corrêa, uma estrutura e organização que você não encontra nos prédios de qualquer pessoa formada por administração. É a mulher que conquistou emprego, mas foi posta pra rua, tinha que cuidar do filho que estava na rua e não podia trabalhar. O que aquela criança vai crescer? Um dia ele vai assaltar a Camargo Corrêa inteira, com todo o respeito aos Camargo.

PAS - O skinhead só é violento por vingança?

CB - Exatamente, os roqueiros são figuras doces. Que motor educacional nós estamos querendo promover? É o pobre que não sabe ler ou uma classe dominante que se mal-educou? A paz não virá do sangue. Não virá, não virá.

quinta-feira, janeiro 06, 2011

quem parte leva a saudade de alguém que fica chorando de dor...

Dos nossos amores, famílias, amigos, empregos etc., sabemos que despedida é igual a fim, que fim é igual a tristeza, tristeza é igual a lágrima, lágrima é igual a sofrimento, sofrimento é igual a perda e perda é igual a fim.

Pela primeira vez na história pública deste país (ou no mínimo desde que me conheço por gente), temos agora de aprender a elaborar uma despedida alegre.

Lula (nosso amor, nossa família, nosso pai, nosso chapa, nosso patrão) foi embora. E este, pasmemos!, é um acontecimento mais feliz do que triste, sofrido, melodramático etc. É lacrimoso, mas não exatamente por conta de perda, dano, briga ou ruptura.

É uma perda que não é uma perda que não é um fim que (não) é sofrimento que é lágrima que (não) é tristeza que (não) é alegria que (não) é um final (in)feliz.

A gente, queridas brasileiros e queridos brasileiras, está amadurecendo mil anos nesta virada de 2010 para 2011. Dói reconhecer, mas nunca fomos tão felizes (na história deste país).

terça-feira, janeiro 04, 2011

sair nu em capa de revista

Pra quem ainda não quis entender: a posse de uma mulher na presidência do Brasil melhora, valoriza e emancipa não apenas as mulheres brasileiras, mas toda a sociedade brasileira, queridas brasileiras e queridos brasileiros.

A emancipação das mulheres brasileiras melhora os homens brasileiros.

A emancipação feminina É a emancipação masculina.

Se vocês, mulheres, estiverem beeeeeem emancipadas, quem sabe nós, homens, possamos confessar que, sim, também achamos o sexo chato, burocrático e obrigatório de vez em quando. Que, sim, por vezes também temos de disfarçar orgasmos (e que, não, ejaculações não são necessariamente sinônimos de orgasmos). Tipo assim.

Quem sabe um dia, com o apoio de vocês, mulheres, nós, homens, tomamos coragem e dizemos umas coisas dessas... Ops, escapou, eu já disse?...

Acho que disse, ai que medo, e este é apenas um (re)começo. Nós, homens, ainda podemos dizer (e fazer) uma porção de coisas. Mas (mas-ismo?) vocês, mulheres, vão ter que querer nos ouvir (diz que vocês gostam de escutar, é vero mesmo?).

Ou, quer saber?, mesmo que vocês não queiram escutar, nós queremos falar (queremos?). Há muito tempo eu vivi calado, mas agora resolvi falar. Não vou ficar (calado), não, não, não, não, não!

segunda-feira, janeiro 03, 2011

pegar alguém pulando o muro

Sabe qual foi o trecho do discurso de Dilma Vana em que não acreditei, por mais que ela o repetisse (e ela repetiu, oxe, como repetiu)? Foi aquele trecho sobre não guardar ressentimentos ou rancores.

Com sua licença, sra. presidenta, eu não acredito que exista uma pessoa na face do planeta Terra (planeta Água, planeta Mágoa, planeta Mágua - alô, sr. Carlinhos Brown!) que não acumule ao longo da vida rancores, ressentimentos, securas, mágoas, águas e máguas.

Prefiro ficar com minha amiga Madeleine (mãe da gata Evita), para quem esse trecho do discurso da Vana é um dardinho envenenadinho endereçado com mira fina aos alvos (humanos) de seus ressentimentos e rancores.

Mas a gente sabe: a Vana saberá, como Silva soube, fermentar, destilar, depurar, TRANSformar e recompor seus re-sentimentos. Pois os ressentimentos de Luiz Inácio recolheram mesmo quantos milhões de almas da miséria absoluta (hein, Soninha?, #medo #coincidência #rancor #valetudo)? Como já compuseram Alice Ruiz e Itamar Assumpção, a cada milágrimas sai um milagre (e mil nem são tantas assim, em se tratando de lágrimas).

E tu, querida brasileira, querido brasileiro, já fez limonada com seus rancores hoje?

bionicar o corpo inteiro

Para quem teve a cara-de-pau de retrucar o imenso simbolismo guardado na continência batida pelos militares para Dilma Rousseff: se as Forças Armadas de hoje fossem 100% diferentes das Forças Armadas de 1964, 1968 ou 1974, elas (el"a"s, as armas, as frágeis-forças) já teriam pedido desculpas desassombradas pelo que fizeram em 1980, em 1975, em 1974, em 1968, em 1964...

Do mesmo modo, já teriam pedido desculpas os banqueiros, donos de jornais e redes de TV, industriais e outros presidentes de instituições "respeitáveis" que guiaram a (gigantesca) parte civil da ditaDURA civil-militar brasileira de 1964-1984.

Há muitos esqueletos ainda escondidos em nossos armários, nem vem que não tem ventriloquar papagaísmos-de-pirata do globismo ditabrando (im)popular brasileiro.

Mantra para para 2011: pensa com a tua própria cabeça, faz com teus próprios braços, querido sem ouro, querida sem hora.

pixar a vida de artista

E a propensão em apontar o dedo para o quintal-espelho do vizinho, que sai da toca bem obsessivo-compulsiva nestas primeiras horas de 2011?

Roberto Carlos DEVE assumir sua deficiência física, proclama Elio Gaspari. Dilma "pecou" (alguém sempre "peca", nessas circunstâncias) por não defender os gays em seus discursos, incomodam-se os próprios gays.

Incomodados pela performance da recém-presidenta, adolescentes Brasil afora desejam um franco-atirador para interromper em pleno voo o curso recém-iniciado de Dilma Vana (misoginia explícita, não mais concentrada em Marcela, mas em Dilma nela-em-si-propriamente-dita - adolescentes são piores, ou simplesmente mais sinceros, que adultos?).

Ou seja, todos cobram do OUTRO o que o OUTRO não fez.

E o que Elio Gaspari, como Roberto Carlos, poderia ter feito (e assumido), mas nunca fez (nem assumiu)?

Quantos gays (e bis, e heteros etc.) resmungam de abandono por parte de Dilma, de dentro de seus próprios vários armários? Nossos patrões, chefes, pais e padres sabem, por nossas próprias bocas, que somos gays?

E os pais que "educaram" seus filhos a desejar o assassinato da presidenta? Empunhariam o fuzil para consumá-lo? Ou, melhor, teriam CORAGEM de apontar uma arma para suas próprias têmporas?

OK, dirá você, estou aqui resmungando, MAS eu mesmo vivo apontando os dedões para, por exemplo, os jornalistas e a nossa "grande" mídia. Sim, tem razão, EU sou igual a VOCÊ. Mas...

MAS eu SOU jornalista, e há alguns anos não faço outra coisa senão espinafrar meus pares (ou seja, a mim mesmo, mesmo quando não uso a primeira pessoal singular explícita) e (portanto) tentar espanar poeira no meu próprio terreiro. Foi-se o tempo em que minha principal diversão ("diversão"?) era pixar a vida de artista.

Eu não precisava ir ao quintal-espelho do vizinho (quintal-espelho abandonado é lâmina baldia, sra. japonesa Yoko). Meu próprio quintal estava cheio de quiçaça, entulho e carrapato, e eu fingia (para mim mesmo) que não percebia.

domingo, janeiro 02, 2011

ser o dono da verdade

Eu fico impressionado (pessimamente impressionado) com a epidemia de jornalismo zora yonara nesta época do ano. É um tal de fazer vidência travestida de noticiário que eu vou te contar, os olhos já não podem ver.

Exemplos de jornalismo yonara, horóscopo transvestido de um pinguinho de curiosidade sobre a "vida real"? "Dilma terá um ano difícil em 2011", dãããã (como diria aquela outra pirata-cigana, vidente, taróloga, cartomante, quiroprática de meia-tigela).

Jornalismo oscar quiroga com viés autoritário? "Dilma deve fazer isto", "Dilma deve dizer aquilo", "o Brasil deve seguir tal rumo", matraqueiam os professores-raimundos crossdresseados de jornalistas-zumbis.

Reportagem ancorada no mas-ismo, tem? Tem. "Lula tirou 2,3 pessoas da pobreza, MAS esgotos continuam a céu aberto." "Brasil melhora na era Lula, MAS nem tanto." "Cientistas descobrem a cura da aids, MAS ainda há infectados." "Posse de Dilma afasta desencanto pós-mensalão, MAS fica longe da comoção de 2002" (a-cuma???) "Cristiana Lobo, Ricardo Noblat, Monica Waldvogel & Reinaldo Azevedo, Miriam Leitão, Marcelo Tas nunca foram estadistas nem fizeram discurso, MAS têm receita para tudo e sabem detectar imediatamente quando 'veem' um discurso de não-estadista (freqüentemente, antes mesmo de o discurso ser proferido)".

"Jornalista da Globo dá aulas de moralidade, ética e costumes políticos, MAS recebe auxílio-salário do Banco do Brasil", tem? Não tem, não, senhor, sem ouro, sem hora.

Ou vai querer dizer que agora é moda achar que tudo é uma pobreza, ô, ibrahim sued do século vintage? Pseudojornalismo de oráculo mequetrefe, já não basta? Basta.

chauvinista pra ser homem?

Em seu discurso no parlatório, Dilma Vana foi gentil, mas firme e certeira, com seu vice, Michel, o marido de Marcela Temer.

Citou, farta e generosamente, o vice-presidente ausente que entregava a faixa a Michel. Explicitou a grandeza de José Alencar, solicitando discretamente comportamento equivalente por parte de Michel.

Talvez não seja fácil presidir depois de Luiz Inácio, mas certamente tampouco será pequena a missão de vice-presidir depois de José. Com a palavra (ou os gestos), o marido de Marcela.

E, com a palavra, a nova presidenta, quando citou seu trans-conterrâneo Guimarães Rosa: "É isso, a vida pede, sobretudo, coragem para ser vivida e transformada". Para Luiz, Marisa, José, Marisa, Dilma, Dilma, Marcela, Michel, você e eu. Cê tá escutando?, cê tâ entendendo? Ouvido é para ouvir, ficha telefônica não é cotonete, orelha não é abajur de brinco.

coroa e cara de menina (ou) a inquisição da idade média

Hum, cheio de caraminholas aqui, acho que isto vai virar tipo uma série "agora é Dilma", "agora é moda". Prosseguindo:

Uma presidenta solteira é ladeada por um vice grisalho, esticado, de braços dados com uma esposa jovem, expressiva, loura, linda, de linda trança loura.

São traços de uma sociedade ainda extremamente machista, misógina, patriarcal? São.

Agora (é moda?), resposta à altura, ou pior, à baixeza, é uma sociedade inteira reagir à cena concentrando fuzilaria patriarcal, misógina, machista - e covarde- na moça, na Marcela Temer. Nessa hora, somos o espelho quebrado (moralista, puritano, autofóbico) do casal Michel-Marcela. Eles somos nós.

Espelho quebrado vira lâmIna, como já dizia Yoko Ono.

"Para além da minha pessoa, a presença de uma mulher na presidência melhora e valoriza a sociedade brasileira", disse Dilma Vana, cê tá escutando?, cê tá entendendo? Ouvido é para ouvir, orelha não é cabide de molambo.

do lado esquerdo do peito

Dois meses atrás, logo depois de eleita, Dilma Rousseff foi até Luiz Inácio Lula da Silva receber os cumprimentos. Abraçaram-se diante das câmeras, e Lula aninhou Dilma em seu peito.

Ontem, no parlatório, quando Dilma estava empossada e enfaixada e Lula já era ex, trocaram magistralmente os papeis: abraçaram-se mais uma vez, e Dilma Vana aninhou Luiz Inácio em seu peito.

Aula magna de camaradagem, companheirismo, irmandade, igualdade, equidade, simbolismo, pois sim? Há imagens que falam mais do que 190 milhões de palavras, ou tanto quanto 190 milhões de votos (em quaisquer candidatos, pois, como ontem disse alguém, "não peço a ninguém que abdique de suas convicções", cê escutou?, cê entendeu?).