terça-feira, março 30, 2010

lá no sertão, quem tem coragem pra suportar?

Sobre aquela tal de tropicália, uma reportagem publicada na revista "CartaCapital" 586, de 10 de março de 2010. Sabe que, até ler o livro do Christopher Dunn, eu NUNCA tinha prestado atenção nessa passagem do Gilberto Gil em "Questão de Ordem"? Até me diria estarrecido pela descoberta demorada - se não estivesse entusiasmadíssimo com o jardim (de brutalidade) escondido atrás da repulsa do público de 1968 por Gilberto Gil.


Reorientar o movimento
Christopher Dunn diz que o comportamento rebelde, mais do que a política, tirou público da Tropicália


POR PEDRO ALEXANDRE SANCHES

Um dos episódios mais emblemáticos da música brasileira sob a ditadura militar foi o da vaia fragorosa a Caetano Veloso em 1968, três meses antes da instauração do Ato Institucional No 5, quando cantava É Proibido Proibir no III Festival Internacional da Canção (FIC). Fora de si, o músico entrou em confronto verbal com a plateia que o rejeitava e, em seguida, desafiou nervosamente o júri: “Me desclassifiquem junto com o Gil, tá entendendo?”.

Hoje poucos lembram qual era a canção de Gilberto Gil a que o parceiro se referia. Chamava-se Questão de Ordem, e fora desclassificada na eliminatória anterior. “Gil fundiu cuca de vocês, hein?”, bradou Caetano no calor da hora. E Questão de Ordem não sobreviveu ao calor da hora. Costumamos nos lembrar do rififi de É Proibido Proibir tantas vezes quantas nos esquecemos da apresentação do rockinho tropicalista no qual Gil antecipava o exílio que viria: Daqui por diante fica decidido/ quem ficar vigia/ quem sair demora.

Essa cena esquecida volta ao palco brasileiro 41 anos mais tarde, sob o olhar estrangeiro de Christopher Dunn, professor e pesquisador do departamento de espanhol e português da Tulane University e autor do ensaio Brutalidade Jardim – A Tropicália e o Surgimento da Contracultura Brasileira (273 págs. R$ 37). Publicado nos Estados Unidos em 2001, em meio a uma onda de valorização do movimento tropicalista por críticos e fãs norte-americanos e europeus, o livro demorou nove anos para ganhar edição brasileira, consumada por iniciativa da editora Unesp e mediação do encenador teatral Zé Celso Martinez Corrêa.

Dunn leva vantagem sobre intérpretes locais do fenômeno musical dos anos 1960 por abordá-lo à distância e alheio à perene relação de conflito entre os tropicalistas e seu Brasil natal. A leitura faz compreender que a tropicália atraiu vaias à direita e à esquerda menos por seu conteúdo propriamente político que pela revolução comportamental que propunha. Se a postura sexualmente ambígua de Caetano motivou em parte a rebelião contra É Proibido Proibir, Dunn reconstrói a imagem de Gil amparado por uma túnica de motivos africanos, barba, bigode e cabelo black power e musicalidade próxima à do roqueiro negro Jimi Hendrix.

O autor transcreve trechos de um artigo-discurso que Gil enviou à época do exílio para O Pasquim, com o propósito de recusar um prêmio que o Museu da Imagem e do Som carioca queria lhe outorgar, pelo samba Aquele Abraço (1969). “E que fique claro para os que cortaram minha onda e minha barba que Aquele Abraço não significa que eu tenha me ‘regenerado’, que eu tenha me tornado ‘bom crioulo puxador de samba’ como eles querem que sejam todos os negros que realmente ‘sabem qual é o seu lugar’”, escreveu um Gil muito menos brando que aquele com que nos acostumamos mais tarde. “Eu não sei qual é o meu, e não estou em lugar nenhum; não estou mais servindo à mesa dos senhores brancos, e nem estou mais triste na senzala em que eles estão transformando o Brasil. Por isso talvez Deus tenha me tirado de lá e me colocado numa rua fria e vazia onde pelo menos eu possa cantar como o passarinho. As aves daqui não gorjeiram como as de lá, mas ainda gorjeiam.”

Segundo o registro de Dunn, o jornalista Nelson Motta (que décadas mais tarde evocaria o rancor racial como elemento da derrocada do ídolo black pré-tropicalista Wilson Simonal) foi um dos que se voltaram contra Questão de Ordem. “Gil derivou para uma linha mais africana, mais identificada com a moderna música negra internacional, mas não está sendo entendido nem pelo público nem por mim”, queixou-se o crítico em 1968, no jornal Última Hora.

“Minha leitura é especulativa, mas acho que a performance da africanidade e negritude de Gil incomodou boa parte do público”, afirma em português fluente o autor, numa entrevista por e-mail.

Seu interesse por esse aspecto tem relação com o fato de ele atuar no Programa de Estudos da África e Diáspora Africana da Tulane. Não chega a ser o fio condutor do livro, mas o componente racial, sempre escamoteado por aqui, vem se somar à afronta sexual-comportamental proposta por Caetano, Gal Costa e Mutantes, bem como ao intricado xadrez político que indispôs os tropicalistas tanto com artistas de esquerda quanto com a ditadura de direita.

Norte-americano de descendência irlandesa e alemã, Dunn diz que seu interesse pela música daqui foi despertado por um professor especialista em história brasileira. “Meu interesse pelo Brasil não é porque seja ‘exótico’ em relação aos Estados Unidos, mas porque é similar, comparável, e ao mesmo tempo diferente”, diz. “Como os Estados Unidos, o Brasil é um país social, étnica e culturalmente complexo e heterogêneo, com traços distintivos devido a seu legado lusitano, africano e indígena. A cultura afrobrasileira é para mim especialmente impressionante na forma em que concilia a tradição (penso, por exemplo, em candomblé, capoeira, formas tradicionais de fazer música) com a modernidade globalizada.”

É eloquente que a tropicália só tenha despertado o interesse nos norte-americanos mais de duas décadas após o nascimento e morte do movimento – bem diferente do que acontecera antes com a bossa nova, bem mais embranquecida e elitizada, e prontamente capturada por plateias primeiro-mundistas. “Ao longo de muitos anos, a música brasileira era ouvida no exterior como um grande desdobramento da bossa nova, que está longe da questão terceiro-mundista”, observa Dunn. “Essa situação muda um pouquinho com o surgimento dos blocos afro e a expansão internacional da capoeira, mas em geral o consumo de música brasileira no exterior não passa por aí. E muito menos no caso da tropicália, que foi reconhecida tardiamente como mais um som interessante a ser citado como referência, e não como discurso político insurgente.”

A identificação tardia se consolidou nos anos 1990, quando o músico David Byrne descobriu a obra de Tom Zé, um tropicalista iconoclasta que, por aqui mesmo, andava redondamente esquecido. A tropicália almejou conduzir a música brasileira ao mercado de massas, e, ironicamente, foi o menos comercial de seus participantes quem inseriu a tropicália no mercado dito “global”.

“A música de Tom Zé abriu nossos ouvidos para uma tradição experimental e vanguardista na música brasileira que tinha sido ignorada, salvo algumas exceções como a música instrumental de Hermeto Pascoal”, diz o autor. “A coletânea dele (lançada pelo selo de Byrne) foi uma revelação para o público norte-americano e europeu, e preparou o terreno para a apreciação tardia da música tropicalista no exterior. Na época, tive várias conversas com pessoas que não sabiam nada da música brasileira, mas adoravam Tom Zé.”

Dunn coloca foco na dimensão política em Brutalidade Jardim, como quando procura defender o movimento, apenas parcialmente, de acusações de que operasse uma “modernização conservadora” no cenário local. “(José Ramos) Tinhorão interpretou a tropicália simplesmente como a vanguarda cultural do regime militar”, menciona, afirmando discordar de tal leitura.

Detém-se, por exemplo, no gesto tropicalista pioneiro do filme Terra em Transe (1967), de Glauber Rocha, na cena em que o intelectual Paulo Martins tapa a boca do personagem que alegoriza o “povo” e esbraveja: “Você vê o que é o povo? Um imbecil, um analfabeto, um despolitizado! Vocês já pensaram Jerônimo no poder?”. Dunn mostra como se tratava de uma (auto)crítica de Glauber ao paternalismo “nacionalista-participante” de esquerdistas mais ortodoxos (como Geraldo Vandré), desenvolvida e aprimorada em seguida pelos tropicalistas.

Curioso é testemunhar como Caetano ainda hoje ecoa aquele momento histórico, como na crítica recente a Luiz Inácio Lula da Silva (Jerônimo) em termos do tipo “analfabeto” e “grosseiro”. É como se Jerônimo houvesse ido ao poder e Paulo Martins cedesse, ainda hoje, ao cacoete de querer calar a boca de Jerônimo. É como se Caetano, jovem vilipendiado de 1968, cansasse por ora de nos tantar fazer entender por que seu corpo queria ficar Odara e agora se alinhasse, simultaneamente, aos paternalistas de esquerda e aos autoritários de direita que tanto combateu quatro décadas atrás.

“Não vejo a analogia, porque o insulto de Caetano é coerente com a posição antipopulista que ele sempre defendeu”, discorda Dunn. Mas, em seguida, ele cita uma possível perda de espaço e poder do artista-intelectual (“ou do ‘intelectual pop star’, para citar a autodenomincação de Caetano”): “É uma figura que há muito deixou de ter relevância nos Estados Unidos, mas resistiu por mais uma geração no Brasil. Pode até indicar a decadência do intelectual público, seja artista ou não, na sociedade brasileira”.

Se aqui e ali o discurso de Dunn chega a soar cético quanto às conexões entre política da arte, seu próximo livro pode demonstrar que as coisas não são bem assim. Prepara, em parceria com o brasileiro Idelber Avelar, seu colega em Tulane, um livro de ensaios sobre cidadania na música brasileira. “Constatamos que algumas das músicas mais interessantes do ponto de vista de invenção formal também são ‘engajadas’ no sentido de abordar questões sociais e políticas com um olhar crítico. Quem vai dizer que a música de artistas como Tom Zé, Nação Zumbi, Nega Gizza, Racionais MC’s, Pedro Luís e A Parede, Titãs ou Bezerra da Silva é chata ou panfletária?”, pergunta, em permanente diálogo com as tradições e contradições dos antropófagos tropicalistas.

quinta-feira, março 25, 2010

o tabu-Mallu, 2

Eu não sabia, mas está rolando um debate muito bacana lá no blog do Alexandre Matias (http://ow.ly/1qREQ), a partir do texto que escrevi sobre a Mallu Magalhães. Não acho que caiba muito eu ficar contestando, tem bastante coisa sensata dita ali, inclusive de gente discordando do que escrevi.

As únicas coisas que eu (@pdralex) falei pro Matias (@trabalhosujo) lá no Twitter, e que quero repetir aqui, são as seguintes:

@pdralex Ô, @trabalhosujo... O Michael Jackson é justamente o exemplo "perfeito" pro tipo de preocupação que eu quis exprimir...

@pdralex @trabalhosujo O mundo ganhou um gênio, o gênio ganhou toneladas de Demerol. A gente deve fingir que isso não existe?

Quanto a esse último ponto, eu adoro e respeito o Matias, mas esse papo de deixar a Mallu pra lá porque o Michael Jackson e o Bob Dylan também foram crianças precoces... É essa mesma retórica do calaboca, do deixa-como-está, que anda muito em voga em diversos setores, do BBB à relação entre o governo e a mídia.

Da minha parte, eu acho que "the times they are a-changing"...

E, porque the times they are a-changing, deixo um outro pitaco aqui, do blog do Luiz Carlos Azenha, pertencente à retórica do não-calaboca, nada a ver com a Mallu Magalhães (ou algo a ver com a Mallu Magalhães? existe terrorismo midiático?). É um texto chamado Rose Nogueira: prisão, e contém trechos que os ditabrandos (aqueles mesmos que estão muito "indignados" com a greve de fome de ativistas políticos cubanos) adorariam manter sepultados para sempre, como os seguintes:

"– Vocês estão presos. E o bebê vai para o Juizado de Menores.
– O bebê não vai. E eu só vou com vocês se puder deixá-lo com a minha família.
– Terrorista não tem família, não tem que ter filho. E eu sou curador de menores – ironizou.
– Não sou comunista.
– Olha, moça, eu posso usar violência."

"O leite que eu tirava do seio ainda insistia em vazar e minha blusa cheirava a azedo. A febre aparecia todo dia. O leite me fazia pensar que, enquanto estivesse ali, brotando, eu estaria ligada ao meu filho. Dias depois veio o diminutivo do dia me buscar para depoimento. Empurrava-me pela escada, enquanto gritava: 'ai, miss Brasil! Sobe essa escada logo, sobe!'
Miss Brasil era o nome de uma vaca leiteira que havia sido premiada. E na sala para onde me levou, o 'inho' chamava os outros: 'Olha a miss Brasil, pessoal! Tá cheia de leite! É a vaca terrorista!'. Eles riam e me beliscavam nas coxas, nas nádegas. Eu gritava e perguntava pelo bebê.
– Pergunta quem faz aqui sou eu. E vamos ver se o nenê chora mais do que você quando a gente for buscar ele de novo.
Era o que eles queriam: que eu soubesse que o bebê esteve lá, que poderiam fazer qualquer coisa. Meu Deus, eles não tinham limites! Ao voltar para a cela, o homem me olhou com ironia e disse: 'Mas esse leitinho esse nenê não vai ter mais, não'."

"Ao buscar, agora, nos arquivos da Folha de S. Paulo a minha ficha funcional, descubro que, em 9 de dezembro de 1969, quando estava presa no DEOPS, incomunicável, 'abandonei' meu emprego de repórter do jornal. Escrito à mão, no alto: ABANDONO. E uma observação oficial: Dispensada de acordo com o artigo 482 – letra ‘i’ da CLT – abandono de emprego'. Por que essa data, 9 de dezembro? Ela coincide exatamente com esse período mais negro, já que eles me 'esqueceram' por um mês na cela.
Como é que eu poderia abandonar o emprego, mesmo que quisesse? Todos sabiam que eu estava lá, a alguns quarteirões, no prédio vermelho da praça General Osório. Isso era e continua sendo ilegal em relação às leis trabalhistas e a qualquer outra lei, mesmo na ditadura dos decretos secretos. Além do mais, nesse período, caso estivesse trabalhando, eu estaria em licença-maternidade."

domingo, março 21, 2010

encaremos o tabu Mallu?

Sobre Mallu Magalhães.

P.S. em 24 de março. Copio abaixo e faço minhas as palavras que o Bernardo deixou registradas na caixa de comentários:

"Minha angústia com a Malu é a de ver uma refém da necessidade da gente (mídia, pensadores dos novos tempos) em achar uma ilustração brasileira pra umas ideias que a gente entende e compra antes de averiguar. Tipo fenômeno de internet, artista que amadurece em tempo real sob as câmeras, artista do quarto pro mundo, e outras mais.

Ao mesmo tempo, pouca gente se identifica com ela nesse sentido que você pescou bem: imaginar-se na pele dela aos 17 na frente de 800. E não são 800 quaisquer, curiosos, né? São 800 com uma opinião já pronta só esperando o ok do show ao vivo pra assinar embaixo.

Enfim, tá na chuva não vai sair seca, mas um pouco menos de crueldade da gente só faz bem, eu acho".

segunda-feira, março 15, 2010

meu coração bate (e apanha) num teleco-teco...

Dizia assim aquela música de Skowa e A Máfia no longínquo 1989: "Tem dias que tudo dá errado. Se chove eu pego resfriado. Se faz calor, fico desidratado. Tem dias que tudo dá errado". A letra era de Arnaldo Antunes, quando a música dele ainda não era tão otimista.

Tem dias que nem tudo dá errado, só metade das coisas. Deixa eu contar.

Algumas horas antes de ir para o show do Otto, lá fui eu, na sexta-feira passada, ao encontro de três das maiores figuras femininas da história da música brasileira. Iam se apresentar (quase) juntas Ademilde Fonseca, Elza Soares e Baby do Brasil. É mole?

Fui para o camarim, que a ideia era entrevistá-las para o iG, onde ando fazendo umas críticas e reportagens especiais. Só Elza havia chegado, e ela se pôs a conversar com disposição à beça, bem maior que a que eu conhecia de outros carnavais. Emocionante.

Baby do Brasil foi a segunda a chegar. Logo vi que ela está inspiradíssima, e também bem mais serena e pé-no-chão que na longínqua vez anterior que me lembro de tê-la entrevistado ao vivo, em 1997, a propósito do disco "Um". Intensa e cheia de coisa para contar. Emocionante ao quadrado.

E de repente apareceu Ademilde Fonseca, rainha do choro cantado, incríveis 89 anos de idade e de elegância. Essa eu nunca havia entrevistado, que coisa incrível. Nunca tinha visto e ouvido ao vivo, nunca tinha chegado perto. Emocionante ao cubo.

Foi, para mim, um momento único, histórico, seguramente uma das entrevistas mais sensacionais que fiz nestes quase 16 anos de jornalista. O show, na noite seguinte, só veio confirmar essa impressão.

Mas por que estou dizendo que tem dias que metade de tudo dá dramaticamente errado? É que saí lá do camarim eletrizado, doido para transcrever a longa conversa na íntegra, suspiro por suspiro, tinindo trincando. E só aqui em casa fui descobrir que, por alguma bisonha trapalhada minha, apenas um minuto e 38 segundos de tudo que aconteceu ali ficou registrado no meu tecnologiquíssimo gravadorzinho.

Foi tudo espetacular, literalmente. com exceção desse "pequeno" detalhe que me faz passar o dia inteiro desde então com um nó na garganta e uma bruta vontade de chorar. Tipo criança que perde a figurinha que faltava para completar o álbum, sabe? Ee só não chorei até agora, acho, porque a raiva é ainda maior que o desconsolo.

Tem dias que quase tudo dá certo - mas vá explicar isso para o seu fígado...

sábado, março 06, 2010

madame diz que a raça não melhora

E aí o Ruy Castro quer homenagear o Johnny Alf.

E aí escreve um texto quase totalmente concentrado em provar que não, não houve racismo ("racismo", entre aspas, ele diz) comtra Johnny Alf.

Cita o êxito de Baden Powell, Jorge Ben, Paulo Moura e Gilberto Gil para demonstrar que Johnny Alf não amargou racismo. Tipo assim, a existência do Pelé prova que não existe racismo no brasil, manja?

Conclusão do Ruy Castro? Johnny Alf não foi reconhecido em vida como merecia por culpa... dele próprio!

Única e exclusivamente por conta de si próprio foi que Johnny Alf morreu sozinho num asilo modesto num subúrbio da "grande" São Paulo. (A propósito, registre-se aqui o nome de um cara que fazia assessoria de imprensa e foi crucial para ele no final da vida: Nelson Valencia.)

E não é que Ruy Castro, nesta manhã chuvosa, se converte no DEMóstenes Torres da bossa nova?

P.S.: Além de negro, Johnny Alf era homossexual. Ao que consta, não havia muitos na bossa nova.

quinta-feira, março 04, 2010

johnny alf (1929-2010)


Muito simbólico que ele, príncipe negro da bossa branca (e/ou branqueada), tenha morrido justamente quando o Supremo Tribunal Federal discutia a ação afirmativa de instituir cotas para estudantes negros nas universidades brancas do Brasil. Não haverá parentes para velar seu corpo.